Síndrome de Tourette
Os meus respeitosos cumprimentos
O assunto que me trás aqui é o seguinte:
Tenho um filho de 36 anos, NOME, que tem uma doença chamada de Sindrome de Tourret. Isto porque ele me diz! Desde 1982, vivemos separados, dado que houve divórcio. Todavia até aos dias de hoje, sempre houve convivencia, embora todos os fins de semana até à maior idade, pelo que foi imposta pelo tribunal de menores, portanto há 31 anos e até 1997.
Acontece que, quando ele estava para nascer, em primeiro lugar a mae diz que tinha tudo preparado e tudo falhou. Ainda em casa rebentou o saco das águas, imediatamente telefonou para a médica e parteira e avançou para HOSPITAL. Médica e parteira não apareceram, e a mãe esteve a oxigénio desde as 21, 00 horas até às 12,30 horas do dia seguinte, altura em que se fez a cesariana e o bebé nasceu. Tinha 2 a 3 anos quando a avó materna caiu com o rapaz,. A mãe foi com ele a um especialista, e disseram-lhe que pela forma do cranio o rapaz ia ter muitos problemas, pela vida fora. Assim aconteceu. Conseguiu fazer a instrução primária, por falta de concentração, o ciclo preparatório e também o secundário. Acontece que quando jogava a bola no CLUBE até aos 17 anos, assim que descobria o Sol, imediatamente fixava o olhar e ficava praticamente imobilizado, seguindo até algumas vezes para o balneário, porque não aguentava jogar com tanta luz. O mesmo acontece com iluminação artificial em ginásios de futebol de salão, etc.
Mesmo assim ainda tirou o curso de engº civil, esteve também com uma companheira durante 5 anos, que se desentenderam. Já trabalhou numa firma de controlo de qualidade e aos fins de semana, contava sempre com a ajuda da namorada e a irmã, para lhe fazerem os relatórios, para entregar na empresa, na segunda feira seguinte. Esse emprego também acabou. Como actualmente não há empregos, na c. civil, ele fica desorientado sendo que a Mãe o Pai ou a irmã, que é licenciada em direito, trabalhamos para ver se conseguimos arranjar-lhe algum emprego, cá ou no estrangeiro.
Acontece que a nós dá-nos a ideia, de que, talvez devido à doença ele não procure trabalho. Acho que seja um pouco hipocondríaco, sempre desanimado, que não tem sorte na vida!
Agradecia a V/ gentileza de me informar, se na realidade, o caso que apresento é verdade ou será outra qualquer doença!
Sem mais por agora, agradeço a V/gentileza,
Com os meus melhores cumprimentos
Meu caro amigo... Como deve compreender, é para nós complicado falar acerca do caso do seu filho, apenas com a informação que nos apresenta. Posso no entanto adiantar-lhe, a maior parte dos problemas existentes no ser humano, ocorrem antes, durante e depois do parto. Contudo, e pelo que me apresenta, não poderei tecer qualquer consideração – apenas constatar que ocorreram alguns problemas durante o nascimento do seu filho. Por outro lado, vejo que fez um percurso académico bastante aceitável, uma vez que tirou um curso superior – ainda que possam ter havido dificuldades e para além disto ainda fazia desporto – o que considero fantástico.
Caro amigo, o período conjuntural que vivemos (triste e infeliz), não deixa a esta geração a liberdade e a facilidade de viver – a falta de trabalho e de qualidade, impossibilitam e inviabilizam qualquer tentativa de dar seguimento à vida... Afastando-os de um rumo natural e normal das outras gerações do passado recente... Contudo... Deixo-lhe aqui algumas informações acerca da síndrome de Tourette... Podemos defini-la como um distúrbio neuropsiquiátrico que se caracteriza por tiques, motores ou vocais - normalmente instala-se na infância. Foi primeiramente descrita em 1825, pelo médico francês Jean Marc Gaspard Itard, responsável por diagnosticar a afecção na Marquesa de Diampierre. Contudo, foi apenas em 1884 que esta doença foi denominada síndrome de Gilles de la Tourette, quando o estudando de medicina Gilles de la Tourette publicou um relato da patologia.
Pelo mundo inteiro... O número de casos desta doença tem sido crescente, talvez devido à maior quantidade de informações e conhecimentos sobre a enfermidade, por parte das equipas de saúde responsáveis por diagnosticá-la.
Normalmente, a síndrome inicia-se durante a infância ou juventude de um indivíduo - ocasionalmente tornando-se crónica. Contudo, geralmente durante a vida adulta, os sintomas tendem a amenizar.
Características: Na grande maioria dos casos a manifestação clínica inicial da doença são os tiques motores. Estes englobam piscar, franzir a testa, contrair a musculatura da face, balançar a cabeça, contrair em trancos os músculos do abdómen ou outros grupos musculares, bem como outros movimentos mais elaborados, como tocar ou bater em objectos que se encontram próximos. Também existem os tiques vocais, que abrangem ruídos não articulados, como tossir, fungar ou limpar a garganta e emissão parcial ou total de palavras. Em menos da metade dos casos, observam-se a coprolalia e copropraxia, que é a utilização involuntária de palavras e gestos obscenos, respectivamente; a expressão de insultos, a repetição de um som, palavra ou frase referida por outra pessoa, que recebe o nome de ecolalia.
O diagnóstico é apenas clínico, sendo baseado nos seguintes critérios: presença de tiques motores múltiplos e um ou mais vocais durante a síndrome, não necessariamente simultaneamente; ocorrência de tiques diversas vezes ao dia, quase que diariamente, ou intermitentemente, por mais de um ano; com o passar do tempo, varia a localização anatómica, o número, a frequência, complexidade, tipo e gravidade do tiques; início na infância ou adolescência (antes dos 18 anos de idade); inexistência de outras condições médicas que esclareçam os movimentos involuntários e/ou as vocalizações; testemunho ou registro de tiques motores e/ou vocais.
Em suma, não existe cura para essa síndrome e a intervenção é o controle. Pesquisas têm evidenciado a importância da utilização de uma forma de terapia comportamental cognitiva, chamada de tratamento de reversão de hábitos. Esta baseia-se no treino dos portadores da síndrome para que monitorem as sensações premonitórias e os tiques, com o objectivo de revidar com uma reacção voluntária fisicamente incompatível com o tique. Alguns fármacos antipsicóticos têm mostrado resultados positivos na diminuição da intensidade dos tiques, quando sua periodicidade se traduz em prejuízo para a autoestima e aceitação social.
Caro amigo... O seu papel de pai é complicado, sobretudo nos dias de hoje. Afinal... Esta geração de adultos parece estar impossibilitada de sobreviver naturalmente... A bem de uma crise... De um défice ou resgate... Parece estar a esquecer-se das pessoas... Da sua qualidade... Vida e desenvolvimento... Enfim... Por este andar... No futuro talvez todos tenham mais síndromas e problemáticas...
António Pedro Santos